Foto: Pedro Piegas (Diário/Arquivo)
A defesa do réu Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, um dos ex-sócios da boate Kiss, não deseja que o novo julgamento dos quatro réus seja transmitido em vídeo. O pedido foi encaminhado por seus advogados à 1ª Vara do Júri de Porto Alegre.
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Segundo a Rádio Guaíba, na petição, o escritório do advogado Jader Marques também se opõe à reserva de “lugares privilegiados” a profissionais da imprensa e à permissão especial de gravação concedida a empresas produtoras de conteúdos em vídeo. A alegação é que a transmissão como a que ocorreu em dezembro de 2021, geraria atrasos no processo.
Ainda segundo a Guaíba, a intenção é evitar a “espetacularização da dor das pessoas envolvidas”.
“Opor-se à transmissão, gravação ou filmagem da sessão pelo Poder Judiciário para exposição por rede social (YouTube ou outra), notadamente diante da demora para a operacionalização das respectivas licitações e diante do enorme gasto já gerado na transmissão da sessão anulada, bem assim, para evitar a espetacularização da dor das pessoas envolvidas”, diz trecho do pedido feito à Justiça na semana passada.
Em relação à reserva de vagas para a imprensa, a defesa de Elissandro Spohr entende que a presença de jornalistas perturbaria o ambiente da sessão de julgamento.
"Opor-se à reserva de lugares privilegiados para profissionais da imprensa dentro do recinto do julgamento e logo em frente ao conselho de sentença, com prejuízo para o trabalho das partes e compreensão dos fatos pelos jurados; sem limitar o trabalho da imprensa, deve-se evitar situações que perturbem a atenção dos jurados que deve estar voltada (exclusivamente) para o trabalho das partes”,
diz outro trecho da petição.
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Pedido semelhante já havia sido feito em 2021, mas negado pela Justiça na época. A Justiça ainda não julgou a solicitação dos advogados de Elissandro.
Organização
Na última terça-feira (5), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por maioria, manter a anulação do júri da Kiss, realizado em dezembro de 2021. Na época, após 10 dias de julgamento, os réus foram condenados a penas entre 18 e 22 anos de idade.
O pedido de anulação havia sido feito pelos advogados dos quatro réus: Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão. Eles alegaram quatro motivos que deveriam levar à anulação do julgamento, entre eles sorteio dos jurados, que ocorreu em número muito superior e em desacordo com o prazo legal, causando “prejuízo evidente às defesas”.
O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) reconheceu as falhas e acatou a solicitação. O Ministério Público (MP) recorreu ao STJ para manter a validade do julgamento, mas o recurso não foi aceito.
Na semana passada, a Justiça Estadual deu início à preparação do novo julgamento, ainda sem data para ocorrer. O corregedor-geral da Justiça, desembargador Giovanni Conti, disse que o objetivo é que sejam providenciadas as medidas para a realização o quanto antes, observando os prazos necessários para a viabilidade de contratações.